À dona da estrela mais bonita

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Amor, eu tinha parado de comer creme dental, esqueci de te contar. Eu só estou contando agora porque encontrei a mochila que levei e trouxe da tua casa. Abri depois de muito tempo e achei aquele gel dental vermelho que levei da ultima vez que fui pra tua casa. Abrir a mochila doeu, me fez sorrir, tudo ao mesmo tempo. Estou dividida entre deixá-la aqui no meu quarto ou jogá-la no sotão. Sinto a mesma coisa em relação a nós. Não sei se deixo o que eu sinto por você permanecer aqui, ou se devo jogar no meu sotão emocional. Você também deve sentir isso as vezes...
Dentro da mochila encontrei alguns itens com um leve cheiro de cigarro da época que eu fumava com mais frequêcia. Também tive que parar com isso. Tinha aquela cartinha que você fez pra mim, onde desenhou o Bart e uma rosa. Eu pressionei a tua carta contra os lábios como se isso fosse o beijo de boa noite ausente pela distância. Uma lágrima caiu. Várias lágrimas seguiram caindo. Tentei puxar o ar pra dentro dos pulmões, abracei a mochila e deitei no colchão.
Eu sempre tive o meu jeito peculiar de viver. Por vingança, por auto-fuga, pelo que fosse. Talvez por ter nascido como sou. E depois de tudo, depois que eu sou apenas eu, sem um "você" presente pra completar, a minha vida é mais bagunçada que meu quarto e olha que você sabe o quanto o meu quarto é bagunçado! Eu lembro de você meio que me obrigando a arrumar esse quarto. Eu lembro dos banhos longos, eu lembro do cabelo bagunçado ao acordar, eu lembro da troca de carinho antes de dormir toda noite. Eu lembro do quanto odiamos o natal e do quanto me embriaguei no ultimo natal. Eu fecho os olhos e consigo mentalmente desenhar cada linha do seu rosto. Eu fecho os olhos e consigo sentir a textura do seu toque. Eu consigo sentir o seu jeito de abraçar, sinto a temperatura do teu corpo. Eu sinto você. E outra lágrima cai. Será que você, de uns tempos pra cá, sentiu-se assim também?
Eu sempre mudo o lado que ando na calçada, mania que você colocou em mim. Eu nunca mais tomei outro refrigerante que não fosse Sprite na rodinha de amigos. Eu tenho amigos agora, eu conheço mais gente do que eu conhecia e já aprontei mais do que aprontava, mas quando lembro dos sonhos da nossa casa, do nosso cachorrinho e de tudo... Você deve saber como meu rosto está agora.
Eu olho pro céu e vejo a sua estrela, desde que nos desentendemos, passei apenas a dizer "boa noite" a ela. Eu lembro do dia do parque, nunca mais voltei lá. E não voltei porque eu sei que vou lembrar de você me abraçando e me dizendo pra sorrir pro video que você estava gravando e eu sei que saudade será pouco pra nomear o que vai explodir no meu peito.
E lembrando de tudo isso... Eu queria saber, você tem acordado a noite e sentido a minha falta no meu lado da cama também? Porque se eu ainda tiver um lado na sua cama, nós ainda somos nós.
Amor, eu sempre fui um poço de medo e dor mas te ver sorrir quando você fica com vergonha sempre me fez superar tudo o que se colocava contra o que eu sentia.
Essa carta não é um pedido para que você fique porque eu só quero que você esteja aqui se você realmente quiser estar. É só um jeito de dizer que de alguma forma, eu acho que nunca deixei de te pertencer.

1 comentários:

Anônimo disse...

linda, linda, linda. minha linda!