Nota rápida (this is war)

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Há bombas explodindo lá fora e eu posso ver
Pelas janelas da minha casa
Pelas janelas da minha alma também
Ando por um campo minado
O som ensurdece aos outros
Meu corpo está sendo constantemente mutilado pelas explosões
Alguns dos meus membros estão dilacerados
Não sinto.
Estou dormente demais pra sentir
Porque aqui dentro — de casa e dos meus tímpanos — ecoa alto o blues que coloquei pra tocar quando abri minha última garrafa de vinho
Tudo ainda está entorpecido
Minha velha carcaça
Meu encéfalo também
E que bênção é a ignorância!

Santificados sejam os tolos, pois não sabem a dádiva que desfrutam por exercer inocentes sua tolice, livres da culpa, isentos de saber as consequências de seus atos
Santos sejam
Bem aventurados aqueles que vivem no piloto automático
Cuja existência é livre e sem necessidade de propósito
Abençoados sejam aqueles que rastejam como vermes sobre a terra
Porque medíocres por medíocres, esses não conhecem a amargura de questionar a própria razão.

O mundo ainda explode
As mulheres gritam enquanto suas crias antes barulhentas, agora silenciam eternamente em seus braços
As ruas são rubís preciosos de jovens almas
Rubís
Olhe suas mãos, suas roupas penduradas no banheiro
Até mesmo seus travesseiros
Note, todos nós temos mais sangue fora das veias a vista do que deveríamos

Respira fundo.
Sente o frio.
A morte é fria
Vazia
Solitária
Every creature on earth dies alone
Você deveria ter visto esse filme
Agora nem dá tempo
Aquela casa em chamas afinal...
Não é a tua?

Enigmas

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Sempre gostei de falar por enigmas, talvez a melhor forma de eu forçar meu lado escritor a se expressar e, assim, eu tirar algo que há em mim, seja um sentimento, uma sensação... Mas às vezes, como agora, as palavras me faltam e eu apelo pra um velho truquei meu que é buscar palavras em músicas. Você sabe disso melhor do que eu.

Sei que provavelmente você não verá a carta, talvez a chuva molhe aquela caixa de correio velha que eu já disse que você precisava trocar. Com sorte talvez ainda consiga ler, afinal estou escrevendo a lápis, agora que me dei conta disso. Sempre achei lápis mais orgânico que caneta. 

Minha letra deve estar horrível, mas nesse momento em que o céu ficou cinza e a água do meu chimarrão acabou e terminei todos os meus trabalhos eu parei, suspirei e um sentimento me tomou, precisei falar, colocá-lo para fora, por isso a carta em que eu não conseguia me expressar e preferia me expressar em forma de música que, para variar, demorei mais do que imaginei e agora estou devaniando... 

Por que quando as cartas são para você elas tem essa tendência de me tirar o rumo, me fazer olhar para a parede que um dia foi branca e hoje tem um tom amarelado? Vou terminar por aqui com a frase da música que tinha prometido várias linhas atrás:

"Sem mais eu fico onde estou, prefiro continuar distante..." (Skank - Resposta)