Outra maldita madrugada igual a todas

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

isso dói
dói porque você não é lá muito bom em cumprir suas promessas, mas é bom em faze-las
e eu sou boa em acreditar.
dói porque tenho fugido com mil argumentos diferentes
porque tenho vivido do lado de fora
tenho visto do lado de fora
e o pouco que me permito entrar em mim...
dói
não te ver deixar tudo queimar na mesma proporção e ver seu grau de intensidade ser tão pequeno diante do meu
dói
te querer, te olhar, te imaginar e te ver de costas ou me olhar por cima do ombro apenas quando chamo seu nome
dói
a incerteza dói
não saber exatamente o que nos tornamos e o momento em que ocorreu me deixa perdida
dói porque seus braços ainda estão ao redor do meu corpo, mas seus olhos estão fechados, sua respiração parece densa, me dá agonia. seu sono é profundo
seus braços estão em mim, mas não me envolvem com paixão. estão soltos
eu estou solta

e só

m i s e r a v e l m e n t e  s ó.

mas você sabe o que eu faço, não sabe?
o roteiro é o mesmo todo dia.
eu vou deixar as lágrimas caírem por uns quinze minutos
daí vou usar um descongestionante nasal, colocar meus fones de ouvido e partir
vou me permitir voar, nua
despida da minha sobriedade
vou me permitir ser vista assim, vou rir como se não me importasse pelo resto a noite,
e vou rir alto! vou rir enquanto as musicas que me lembram a gente toca nos fones e me inundam o peito, até que entre um riso e outro, algumas outras lágrimas voltem.
depois do voo longo e insano, voltarei parcialmente a mim
parcialmente
nunca mais fui um todo
diariamente me torno fragmentos da minha essência
mesmo assim, em partes, voltarei.
te darei um sorriso, te receberei com um beijo e direi que estou bem
direi que estou feliz
a você
a todos
porque eu sei lá que droga é felicidade
quem sabe, afinal?
quem vai contestar o que eu disser?
nem eu mesma me atrevo.
no fim tanto faz, foda-se
acho mesmo que amo você.