Pássaro azul

domingo, 9 de setembro de 2018

Aonde você está agora?
Só deus sabe.
"Deus". Se é que existe algum deus.
Nesse momento, pra ser sincera, chego a acreditar que não.
Porque incessantemente eu grito por um deus, por respostas, por perdão, por um sinal, por você, por qualquer coisa que não seja o vazio
E tudo o que me cerca é o vazio
É a tortura do silêncio
Da ausência de respostas
Da ausência de você.
Ainda assim, o mais profundo da minha alma insiste em continuar baixinho fazendo várias preces, com um resquício estúpido de fé quase invisível.

Eu sei que é tarde, em todos os sentidos
E eu sei que poderíamos estar comemorando nossas conquistas futuras
Mas sou torta, quebrada, confusa, errada, incompleta e triste.
Sim, triste.
Eu faço piada com tanta coisa
Minha risada é exagerada
Meu peito porém, exala angústia
Meus gritos de desconforto com o não-saber-quem-sou são abafados com risos. Com teorias aleatórias e insanas. Com uma sede desmedida de carinho.

É que vez por outra
o meu pássaro azul sai de dentro do peito e me fode pra caralho
O meu pássaro azul destrói os meus planos, as minhas vontades, os meus amores
e embora pareça pequeno,
devora cada fatia imensa da minha vida.
Eu tento, eu juro que tento, mas nem sempre as lagrimas me obedecem e se mantêm pro lado de dentro.
Eu tento, mas nem sempre as emoções se aquietam no peito
as vezes elas tomam todo o meu corpo, agem por mim e depois me deixam jogada desejando acabar com a carcaça do que sou
E cá estou

Como nasci
Como provavelmente morrerei
E como acredito que seja a minha condição mais adequada.

Eu não sei amar
Eu nunca soube
Nada, ninguém
Eu dou até a ultima gota de mim
Eu deposito mais do que deveria, eu espero a mesma intensidade.
E que pretensão a minha!
Cada um sente como pode.
Mas é que eu não sei amar, entende?
Eu vou gritar e te mandar embora e chorar se você for, e te quebrar se você voltar e tentar morrer se você for de novo
Porque eu nunca quero de fato que você vá
Eu não quero que ninguém vá
Você sabe, só você sabe
Que eu vou embora antes do abandono por jurar que isso vai tornar tudo mais suportável
E mais uma vez, estou errada
Porque eu te mandei embora
E não há nada que eu queira mais agora além de que subitamente meu coração pare de bater.

Ps: eu sei que machuquei você, quando tudo que eu queria machucar a mim. E talvez tenha sido a única forma real de me punir. Te ver sangrar doeu mais do que se eu tivesse rasgado todo o meu corpo.
"Somos um", dizíamos. Estamos quebrados, sangrando e perdidos.

E apesar de tudo, estou só
No meu próprio castigo. No limbo. Na tortura do silencio inquietante.
Se ainda puder sentir a minha existência, vem. Rápido
Não temos muito tempo.