Carta de uma confusão

quinta-feira, 5 de julho de 2012


    Hoje o sorriso das pessoas está me ferindo de alguma forma que eu diria desconhecer. Sinto algo em meu peito que não sei descrever. Minha vida está equilibrada. Equilibrada porque se alguém a analisa, diz que tenho tudo que preciso. Eu mesma não sinto que algo falte. 
    Me desapeguei de algo que deveria desapegar, me refiz, me completei e abri meu coração à vida. Vida tal que hoje estou incapaz de sentir.
    Angústia, tão amarga... Estes sorrisos ilusivos. Por que me ferem tais, por que me machucam? A vida é efêmera, a vida por si só me fere. Não tenho medo de morrer, mas de viver, na maioria das vezes, sim.
    Futuro, existe algo mais assustador do que tu és? Porque me roubastes tantas coisas e trocastes teu nome para "Presente", trazendo-me coisas novas e que sim, por vezes até agradáveis, diga-se de passagem; mas por alguma razão obscura e melancólica, vivo apegada ao nome que tens e que habita no ontem: Passado.
   Tempo... Tão confuso. Será que ele passa ou nós passamos por ele e somente isto? Mudaram as estações, mas o que é atemporal ficou. Será que sou atemporal? Se sim, para onde é que vou depois daqui? 
    Meu espírito quer ser livre, hoje sinto as prisões do meu corpo, e meu corpo chora as repressões de uma sociedade corrompida por sistemas que há muito falharam e existem apenas para destruir pessoas com espíritos bons.
    Eu e o meu discurso incompreensível de não habitar aqui, de não entender o que se propõe e de viver a ideologia de ser livre. Embora saiba que liberdade é tão utópico quanto os sonhos mais indescritíveis que guardo em mim.

"And i know it's a wonderful world
But i can't feel it right now
Well, i thought thad i was doing well, but i just wanna cry now."
James Morrison, Wonderful World


23.06.2012
Uma tarde angustiante, qualquer e incomum.

1 comentários:

Lu disse...

Traduziu praticamente tudo que eu sinto... tanto em relação a mim quanto em relação a essa sociedade, esse sistema podre e falido... e o pior é que se a gente não se adaptar à esse sistema, a gente corre o risco de ser excluído de tudo! Sejamos fortes o quanto pudermos!