À um lado meu que vive em outro corpo.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Oi. Não sei como começar isso, rs. Sabe o que é? Tenho muito a dizer, mas não sei se tenho coragem. Olha, é raro me ver reconhecer covardia, isso mostra que estou indo longe. Talvez eu tenha chegado em um ápice de saudade e cansaço tão extremo, que comecei a me perder.

Por falar em saudade, neste exato momento, estou tentando disfarçá-la ouvindo aquela música que aprendi no piano. Lembra? Eu sei que sim. Isso sempre foi coisa minha, até eu descobrir a sua existência. Quando descobri que você existia, todas as minhas manias passaram a ser suas também. Tudo o que eu fazia pra passar o tempo agora tinha uma conotação diferente, pois trazia seu rosto à minha memória. Sem que eu percebesse, você estava presente em qualquer coisa que eu fizesse...

Como isso é possível? Como duas pessoas podem ser completamente iguais e, ao mesmo tempo, conseguirem se completar de uma forma tão perfeita? Como podem ser lados opostos sendo um único ser? E como pode uma pessoa viver em dois corpos?

Uma vez eu li isso: "Você é o brinquedo caro e eu, a criança pobre." Ainda assim, me sinto diferente agora. Consigo te ver como brinquedo caro, mas não me vejo como criança pobre, - não por mérito meu - você nunca permitiu que eu me sentisse menos do que especial. Me vejo então, como a criança que o viu na vitrine, encheu os olhos de brilho, chegou em casa e pediu dinheiro ao pai. Quando voltou à loja, porém,  era tarde. Alguém já tinha levado o brinquedo embora. Não havia previsão de quando chegaria algo parecido. E eu fui pra casa sem saber perder. Sem querer comprar outro brinquedo, querendo aquele, só aquele.

Sempre fomos honestos um com o outro. Ultimamente a vida tem tomado um rumo que nos confundiu. O que fazemos agora? Começo a ficar com medo. Decidi seguir a minha estrada. Gostaria de ter você por perto, poder trocar informações, sei que estou exposta a quedas, mas talvez você não possa me carregar agora. Tudo bem, não lhe cobrarei. Não vou chorar também, você sempre disse que eu era forte. Eu aguento. Está tudo bem. Mas vê se não se perde, tá? Mesmo de longe, seu coração ainda é igual ao meu, e o meu, igual ao seu, e sempre vai ser assim.

1 comentários:

Lu disse...

... me deu um nó na gargata... tão meu isso e ainda assim foi vc, prima, quem escreveu... perfeito!