Eu sei que você tentou falar comigo um dia desses, mas desliguei todos os telefones, achei mais sensato ficar por alguns instantes, longe de tudo. Também achei coerente justificar-me ao menos dessa vez, tendo em vista que costumo sumir sem dar notícias.
Pois é. Quem diria que um dia o silêncio me seria mais confortável do que qualquer palavra?
É melhor assim. É melhor ter que parar, pensar e tentar resolver, do que agir segundo o que os outros acham correto. É melhor não precisar ouvir as "soberanas" opiniões humanas, como alguns a si próprios intitulam: "soberanos". Humanos! Pobres mortais, assim como sou! Um dia ousei valorizá-los mais do que valorizava-me. São apenas seres errantes, confusos, loucos e que ainda atrevem-se a dizer que são sábios.
De mortal louco por mortal louco... ouço a mim.
Ao menos responderei apenas por minhas loucuras, sentirei culpa apenas pelos meus erros. Eu prefiro a solidão do que ter por companhia um amontoado de palavras impensadas. Prefiro o tédio e o sono do que sentir a necessidade de castigar-me enquanto a insanidade reina, esbanja luxúria e se prolifera. É verdade que eu sempre tive uma fome absurda pelo improvável, pelo novo, pelo sobrenatural ou por qualquer coisa que tornasse o meu dia inacreditável mas, entenda: preciso estar só. Preciso que haja silêncio para que eu possa me ouvir. Ultimamente tenho tentado descobrir quem sou sem aquela maldita dependência. Tenho urgência em desfazer-me desse "alter-ego" que me fora desenvolvido de forma tão sutil. Preciso sentir a velha e angustiante abstinência que a distância proporciona.
Abstinência é isso: sofrer quando eu me dou conta de que já não tenho mais formas de fuga. Saber que chegou o momento de encarar os anseios e confrontar o meu interior sem camuflar algo. Sem poder escapar. Tudo ou nada. Matar meus impulsos ou ser morta por eles.
Não é questão de escolha, é questão de sobrevivência.

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1 comentários:
"Matar meus impulsos ou ser morta por eles."
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